sábado, 11 de agosto de 2007

Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 24 de julho de 2007

Sonho!


Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me.
Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber.

Se acordoParece que erro.
Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciencia entre ilusões,

Fantasmas me limitam e me contém.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.


(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 25 de maio de 2007


Nas ilhas... No horizonte

Na África que se avizinha

Do outro lado da linha

Surge a melancolia

De que nada se apresente

De tudo que dá em filosofia

Daquilo que embalo

Num barco

Que vai e não volta

Que sai e nunca aporta

Isolamento


Não há rasuras neste mundo tão perfeito
Eles são intrusos, vindos de um borrão
Misturam seu preto e branco em nosso colorido
Mas então, que lugar haverão de ocupar?
São todos corpos, só corpos
Hipocrisia ignorar
Afinal, também somos corpos, só corpos
E todos, um só corpo
Andantes, perdidos andantes
(Andréa Zílio)