sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Grito solitário

As estrelas deixaram de brilhar,

a escuridão infiltrou-se no céu azul e branco,

a insanidade tomou conta deste cenário de

uma ilusão de paz... em que a busca por ela

é a própria guerra.

Aquela que mata, leva tudo o que é do povo.

Espanta todos os sentidos, mantendo apenas o medo.

O olhar inocente agora é assustado,

aterrorizado diante de um cenário desfacelado,

em que andar na rua já não é seguro, e é preciso

conviver com as muralhas da dor, tristeza,

incerteza, impureza e morte.



A mão deixou de fazer carinho, e o afago

é gesto de um passado vivo apenas nas lembranças.

O choro não é apenas de dor, mas de desespero,

do mais voraz, intenso e trágico,

em que saciar a fome é a única luta diária

transformada em sonhos que almejam apenas dias que

tenham comida à mesa, tranquilidade no lar, trabalho, dignidade, justiça.

Mas o paraíso parece ter se transformado em inferno,

onde vida e morte andam cada vez mais juntas...

ainda assim, com tanta dor, um grito ecoa mundo afora

e a súplica pelo socorro encontra forças e se faz também em sorrisos.


(Texto: Andréa Zílio - Foto: Alan Tylor/ Congo)