Como sintetizar você em um quarto de página? Impossível, porque é difícil traduzir ou descrever a beleza da alma dos pássaros. E você, Nha Cretcheu, nasceu com alma de pássaro, daqueles cujas plumas rabiscam e colorem o céu com seu vôo indelével. O seu espírito livre e inquieto está sempre voltado para além do infinito, porque queres descobrir a beleza do pôr-do-sol que está por detrás da outra margem. Tuas asas batem insaciavelmente por novas descobertas…
E foi essa inquietude e sede de vida que a fez desatracar do seu porto-seguro e navegar em busca do seu sonho. Corajosa, determinada, como mulher leonina que é, ancorou seu barco na esquina do Rio mais belo com a linha do Equador e desafiou todas as adversidades. A menina da saia laranja e passos toc-toc brilhou, encantou os tucujus com seus textos instigantes; seduziu-se pelo rufar dos tambores e se inebriou no ritmo do marabaixo. Deixou sua marca. Entretanto, quis levantar novos vôos e se embrenhar nos mistérios e misticismos da densa floresta das cabeceiras do Amazonas. E assim fez uma longa viagem, da foz às cabeceiras do Grande Rio. Provou ayauasca, imunizou-se com o campô, percorreu barrancos, foi abençoada pelos pajés e rendeu-se ao encantamento da misteriosa floresta. Fez dessa terra seu porto porque quer desvendar seus enigmas tão aliciantes e sedutores. E assim vai escrevendo mais páginas da sua história, brilhando, encantando, seduzindo… Até o próximo vôo.
A nossa alegria hoje é imensa em partilhar, mesmo distantes fisicamente, essa homenagem a você. Tal como dissemos no início da mensagem, você é nossa querida amiga. O termo crioulo Nha Cretcheu tem múltiplos significados: amigo, querido, companheiro, amado, especial… E você é nossa Nha Cretcheu, entre inúmeras outras coisas, por ser nossa cúmplice do amor profundo pela Africa e pela Amazônia.
Felicidades Zílio!
Com o afeto e o carinho dos seus amigos:
Mara e Carlos
(Texto dos amigos, Mara e Carlos, em homenagem a minha entrada na fase balzaquiana)