quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Ser Poronga
Sabe aquela ou aquelas canções que preenchem tua alma, invadem teu corpo e te fazem sentir uma energia que enaltece teus sentimentos, sensações, emoções?
Desde a primeira vez, em um bar em cima de uma balsa no rio Acre, senti e sinto até hoje ao ouvir as canções de Diogo, João, Anzol e Magrão. Paralelo, tenho em mim o sentimento de carinho que hoje se amplia aos quatro. Falo da banda Los Porongas.
Recentemente, nos dias 31 de julho a 2 de agosto desfrutei da companhia deles acompanhando dois shows, um em Ji-Paraná, o outro em Porto Velho, ambos de grande emoção. Mais que amizade, pude intensificar meu respeito pelo talento desses quatro rapazes acreanos.Reconheço os avanços na vida profissional da banda, mas continuo me perguntando: por que não está sendo mais rápido? Tem tanta bobagem no mercado fonográfico, e por que uma banda de grande talento não consegue o espaço merecido? Será por ser do Norte?
Não, não é apenas bairrismo do sudeste, apesar dele existir, é a falta de qualidade ao que é levado ao ouvido dos brasileiros. Por isso, muita, muita gente boa fica de fora dos grandes esquemas do sucesso.
Mas eles estão caminhando, os passos se consolidando e, mesmo que lentamente, talvez de forma proposital por alguma energia maior, pois o Norte é diferente, “ e a vida daqui é assim devagar” (trecho da canção “Vida Boa”de Zé Miguel – cantor amapaense), eles vão longe, afinal, já alcançaram diversos corações amantes da música.
Mas prefiro deixar de lado minha revolta com o mercado fonográfico e essa falta de reconhecimento e utilizar este espaço para falar de música, de sentimento e de vida. Tudo o que movimenta essa banda que atrai de jovens estudantes até filósofos deste Estado, como Marcos Afonso, o qual pude presenciar sua alegria ao assistir ao show no Teatro Plácido de Castro, nesta temporada de shows, onde cerca de seiscentos pessoas cantaram e se emocionaram com Los Porongas.
Diogo – a alma revolucionária, poeta cheio de intensidades, da voz rouca, forte e suave, dos gestos expressivos.
João – a alma brincalhona, comunicativa, músico menino-homem, do humor, das brincadeiras, do super som da guitarra.
Anzol – a alma inquieta, um jeito inconformista de ser, músico experiente, de bom papo e das maravilhosas batidas, do querer voltar ao desejar partir.
Magrão – alma serena, homem de poucas palavras e quando pronunciadas arrebatadoras, músico centrado, dos gestos leves emanados em cada canção.
Quatro homens, quatro almas livres escalando sonhos impossíveis. Sintonia, harmonia, respeito, carinho e amor são sentimentos que conduzem estes meninos, homens, músicos, amigos.
Quatro homens, no palco, cada um em um transe particular e ao mesmo tempo compartilhado, emanando a essência do ser Los Porongas.
* Marcos, somos fãs, como você diz, número 0. E que se espalhem pelo Brasil muitos outros fãs assim, para este grito acreano ser ecoado e ouvido por meio do talento desta banda.
(Texto e fotos: Andréa Zílio)
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