Nas redes sociais tenho uma preferência em usar o microblog Twitter. Faço isso pela interatividade, que me leva a conhecer muitas coisas boas, descartar várias inúteis e tomar conhecimento de fatos quase que inacreditáveis, que te movem a tomar atitudes. Por isso, decidi estender minha opinião, por meio deste artigo, sobre um assunto que movimentou as redes na tarde de quinta-feira.
Vi nos colegas de profissão e twitteiros Hermington Franco e Nayanne Santana a indignação. Procurando saber mais sobre o fato, encontrei o motivo que realmente merece tal reação: o espantoso texto da blogueira Mazé, que por sinal é imortal da Academia Amazonense de Letras, publicado no site de notícias D24am, do Amazonas.
Dentro deste democrático ato de compartilhar, empresto as palavras do amigo Gil Giardelli, professor do centro de inovação e criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Em um dos seus textos ele diz: "A humanidade digital tem a chance de trocar experimentos, inovações, inteligência e conhecimento coletivos. Agora está na hora de compartilhar conteúdo sério, que produz prosperidade e bem-estar. E você tem a responsabilidade de fomentar esses conteúdos".
Acredito no que diz Giardelli. Vejo, porém, que a blogueira está longe de tornar sua experiência na rede algo produtivo e próspero. Talvez a soberba do respaldo e prestigio que tenha adquirido por méritos que desconheço a tenha colocado em uma situação que a faz pensar que pode escrever qualquer absurdo sem consequências.
Mazé em seu texto preconceituoso faz referência na questão dos haitianos, que desde o ano passado começaram a vir para o Brasil, entrando no país pelos estados do Amazonas e Acre.
Os detalhes dessa história vocês já devem conhecer pelas diversas reportagens publicadas por veículos de comunicação de vários cantos do mundo.
Também é de conhecimento público a atuação do governo do Estado do Acre, por meio do governador Tião Viana e sua equipe, que, de maneira diplomática e humana, atua brilhantemente diante dessa situação.
Desde que chegaram os primeiros haitianos, o governo do Acre deu a esse povo sofrido, abrigo e alimentação. Os gestores municipais das prefeituras de Brasiléia e Epitaciolândia também estão tendo uma atuação de mesmo nível, ao agirem em parceria. Assim como o Governo Federal, que está com olhares atentos ao caso, que vai além da busca por uma solução paliativa.
Mais brilhante, ainda, tem sido o acolhimento de maneira geral do povo do Acre, por meio de mobilizações, campanhas que garantem a esses cidadãos pequenos e importantes momentos de alegria, que os fazem, talvez por minutos, esquecerem que estão em um lugar estranho, longe da família, das pessoas que amam, da terra que nasceram, sem trabalho e sem moradia. Afinal, não saíram de seu país simplesmente porque queriam viver em outro ambiente, respirar novos ares.
Diferente do clichê do país do samba, do futebol, da exótica floresta amazônica, do lugar violento, foi por essa atitude humanitária do Governo do Acre e da população, que o Brasil foi visto com bons olhos diante deste cenário, por vários países.
Infelizmente, atitudes como a da blogueira são deploráveis ao escrever: “Os haitianos além de se espalharem pelos quatro cantos da cidade ainda são abusados. Impediram uma fotógrafa do DIÁRIO DO AMAZONAS de fotografá-los”. Me pergunto: Onde fica o direito do cidadão de querer ou não ser fotografado?
Mas não satisfeita, ela completa: “o Haiti definitivamente não é aqui. A pergunta que não quer calar: ‘por que os haitianos não ficam em Tabatinga ou vão povoar outros municípios amazonenses?’. Tenho mais uma que também não cala: ‘Quem ensinou esse caminho de paca, batidinho, batidinho de Manaus para eles, hein?”.
Não sei o que é pior. Achar que ela é boba o suficiente para não saber o que escreve ou uma completa ignorante quando se trata de direitos humanos. Solidariedade, definitivamente, está na essência, na atitude, o resto é resto...
(Andréa Zílio)
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