As estrelas deixaram de brilhar,
a escuridão infiltrou-se no céu azul e branco,
a insanidade tomou conta deste cenário de
uma ilusão de paz... em que a busca por ela
é a própria guerra.
Aquela que mata, leva tudo o que é do povo.
Espanta todos os sentidos, mantendo apenas o medo.
O olhar inocente agora é assustado,
aterrorizado diante de um cenário desfacelado,
em que andar na rua já não é seguro, e é preciso
conviver com as muralhas da dor, tristeza,
incerteza, impureza e morte.
A mão deixou de fazer carinho, e o afago
é gesto de um passado vivo apenas nas lembranças.
O choro não é apenas de dor, mas de desespero,
do mais voraz, intenso e trágico,
em que saciar a fome é a única luta diária
transformada em sonhos que almejam apenas dias que
tenham comida à mesa, tranquilidade no lar, trabalho, dignidade, justiça.
Mas o paraíso parece ter se transformado em inferno,
onde vida e morte andam cada vez mais juntas...
ainda assim, com tanta dor, um grito ecoa mundo afora
e a súplica pelo socorro encontra forças e se faz também em sorrisos.
(Texto: Andréa Zílio - Foto: Alan Tylor/ Congo)