segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Novas terras!

Navegas nesta cândura limiar,
em névoa te faz espiar,
na busca de uma terra
que desejas aportar.

Pisa com firmeza
em novo dia sem acabar,
reluta com o passado de lá,
te renovas com um novo olhar.

*Para Dani e Mara, que navegam novos mares

(Texto: Andréa Zílio)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Aportar


Navesgas e aportas por este rio,
Lá, para além dos seres, ao profundo,
Desenhas um céu azul anil,
margens verdes que te cercam e direcionam teu caminho,
apontam as setas aos montes que amanhecem.

Como a um cativo, te ouço passar
com fixos olhos rasos de ânsia te vejo caminhar,
Tua sombra que ondula um canto de ave
Limiar textura e curvas de um enredo suave

Como diz Pessoa, que se afeiçoa:
"Mais razões para cantar que a vida!"

(Texto Andréa Zílio / Foto: Sérgio Vale - Rio Acre)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Flor do Pará!

O carimbó embala teu corpo em uma canção de vida
que irradia tua alma e abençoa teus passos e rodadas.
Muiraquitã externa sua sorte mantendo em teu olhar um eterno
brilho de mocidade.
O grito que ecoas destes lábios carnundos de uma 'nega' de alma negra, é o mesmo que te fazes receber todos com humildade e alegria.
Dona de cachos que embalam na brisa do mundo, de coração que anseia por novas descobertas, novos palcos para teus talentos. Gingado herdado de uma mistura com cheiro de patcholin. Excêntricidade que te tornas única, de um jeito inconformista de ser. Esse capaz de mudar o mundo.
Banhada nas águas do Amazonas, o mar das verdes florestas do Norte do Brasil, tu te fazes um encanto de uma lenda chamada vida. És vitória-régia das ruas, das festas, das rodas entre amigos, da existência.

*Em homenagem à Camila Cabeça, aniversariante de 28 anos, no dia 08/08/2008
Na foto (arquivo pessoal), ao lado do rei do carimbó no Pará, Pinduca

(Texto: Andréa Zílio/Foto: Surama Chaul)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Olhos!

Tua capacidade de brilhar depois de viajar
em uma sombra de abismo.
A motivação diante da alegria que te fazes
soltar a água salgada da emoção.
Tu, quando abaixas tua imponência,
fazes de tua morada um lugar triste.
Mas também sabes te encantar, nesse instante,
mostrar teu brilho com magia, soberania.
Te colorir, fantasiar, é tarefa fácil quando sabes amar.
Ao respeitar teu lar, te perguntas, te encontras,
te animas do que vistes e te empolga com o que queres ou vais ver.
E assim segue teu destino, com o que sabes fazer: OLHAR

(Texto Andréa Zílio / Foto: Sérgio Vale)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sinto

O pensamento navega pra longe, sentindo o cheiro inebriante da inspiração do
desejo das rosas vermelhas, a lealdade das rosas amarelas e o encanto das margaridas, todas postas à mesa.
Observo a grandeza da árvore que se exibe do outro lado da janela, imponente, majestosa.
O silêncio mais alto invande minha alma, serenando meus pensamentos.
Meu coração sorrir com lágrimas, chora em gargalhadas.
Um mar de emoções da icoerência mais sensata,
vivida somente quando a alma está livre, escalando sonhos que pareciam impossíveis.
Uma vida que corre como as águas de uma cachoeira,
que sabe se fazer brilhar na queda que parece beirar um precípicio mas, na verdade,
é apenas um caminho necessário e energizante para ela harmonizar-se ao rio.
Encontro em tua alma a harmonia de minha alma, ambas navegando em um turbilhão de
paixão, se fazendo conhecedora dos encantos e valores do amor, o mais puro, o mais íntimo.


(Texto: Andréa Zílio / Fotos: Sérgio Vale)


segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vida!

Quando pequena ficava horas ouvindo as lendas do Boto, da Cobra-Grande e outros
mitos da Amazônia. Essa era a forma encontrada pelos meus avós (Joaquina e Teotônio)
para me ensinarem a respeitar a natureza e os limites que ela impõe ao homem.
No dia-a-dia também ajudava a regar as plantas do nosso jardim, o mesmo por onde brincava de pique-esconde, a cultivar a flor que desabrochava uma vez ao ano, a qual aguardava com ansiedade o espetáculo que nos presenteava por termos cuidado dela.
Na simplicidade do dia-a-dia vivi momenos inesquecíveis. O maravilhoso banho nas águas do rio Afuá, onde aprendi a nadar e também a gostar das pescarias em família em noites lindas de luar e céu estrelado. Outras dessas noites, ajudava meus avós a tecer o algodão utilizado para 'calafetar' os barcos usados pelos ribeirinhos.
Sentar com a família a sombra da mangueira, de onde tirávamos seu fruto e nos deliciavamos nos fins de tarde, sem receio em se lambuzar. O momento era de gargalhar com as lembranças do passado nada distante dos dias que viviamos, ou buscar histórias de nossos bisavós, pintar as unhas, inventar penteados. Pura descontração.
A hora do lanche ou do almoço em que os assentos ao redor da mesa ficavam cheios, sempre havia lugar para mais um que chegasse atrasado, manteve em minhas recordações o sabor do tempero de minha vó.
No Círio de Nossa Senhora da Conceição ou no Festival do Camarão, festas tradicionais da cidade, nos encantavámos com as coisas que vinham de Macapá. O Parque de Diversões era lugar certo para ser visitado todas as noites. Hoje, retorno nele para apreciar meus sobrinhos (André, Paula, Hugo, Victor) se divertirem.
Acompanhar meu avô até o campo de futebol, onde os jogos eram comemorados por torcidas fanáticas, era motivo de felicidade, principalmente no fim da partida, quando o sabor do sorvete de abacate ou de açaí era desfrutado. Sabor esse que só encontro aqui, nesta terra. Dentro de casa a divisão na torcida pelo Paisandú e Remo era encontrada nos copos, remos e camisas personalizadas.
Correr atrás de minha irmã (Karla) quando ela adorava me enfezar e unir-se à ela na hora de fazer bonequinhos de papel para colocar na rua com intuíto da chuva ir embora. Ver o pôr-do-sol com os amigos ao sabor do tacacá ou mingau de milho, depois de um dia de estudo. Brincar com os sapatos e brincos de minha mãe (Carmem), para ela ver que eu estava crescendo. Hoje brinco com os meus.
Dar uma volta na cidade, jogar queimada ou futebol, se deliciar com o chopp (famoso sacolé). Colocar a cadeira em frente de casa no fim de tarde e ver a noite passar na companhia de amigos e familiares. Viver os ensaios de quadrilha, danças folclóricas, o nervosismo em apresentá-las, as risadas ao rever as fotografias que resgistraram tudo.
Essa foi minha infância, minha adolescência, início de juventude, que logo depois ganhou o cenário do Amapá, seus rios, suas curvas, seu sabor. Nele também encontro a felicidade em sentar as margens do rio Amazonas, na companhia de amigos, ouvindo música regional ou MPB, comendo camarão (sempre).
Em Macapá aprendi a sentir o batuque do marabaixo, conheci corredeiras, cachoeiras, percorri rios, ouvi histórias, contei algumas, vivi outras. Vi a madeira do amor, encantada, passar pelo rio Araguari, atravessei as pedras do rio Amapari.
Em outro caminho, em outro lugar, no Acre, encontro novos caminhos, mas neles, sempre existem fragmentos desse passado tão presente em minha vida.
Hoje, com mais um ano de vida se aproximando, recordo o passado nesta terra e entro em estado de puro êxtase, mesmo com despedidas, recordo tudo com muita felicidade, amor e carinho, mas, sobretudo, respeito as minhas origens, minha vida, minha história. Por isso o registro. O que sou!

(Andréa Zílio)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Olhar!


O olhar recebido seduz com um brilho que invade a alma.
o friozinho na barriga é seguido de um calafrio,
o corpo se pronuncia em nome do sentimento.

As mãos se tocam acidentalmente
revela a temperatura de um turbilhão de emoções,
com o passar dos minutos tudo fica mais aconchegante.

A conversa flui, o sorriso solta-se,
as experiências são reveladas,
a alma libertada.


*Seja qual for o olhar, o reencontro

(amigo, amor, família) o importante é sentir.


(Andréa Zílio

domingo, 13 de julho de 2008

Rumos!

Sei que o vazio deixado pela partida da tua mana (...)
Apesar do caminho compartilhado,
durante boa parte dessa encarnação,
em algum momento cada uma seguiu um rumo.
Ela preferiu viver intensamente, como se a vida
fosse só o agora, o hoje.
Tu não! Seguistes o caminho do conhecimento,
como se a vida fosse muito além do que
podemos sentir no mero instante.
Isso não significa que és menos intensa do que ela.
Tão pouco que ela tenha sido menos sábia.
A diferença é que a tua intensidade é
raciocinada e a sabedoria dela era empírica.
Nesses reversos, vocês criaram versos.
Nem sempre com rima e métrica.
Mas, com as cores dos sonhos de quando eram meninas.
Sonhos de tornarem-se estrelas de seus próprios mundos,
histórias e escolhas.
Então,quando a saudade apertar,olhe para o céu?!
E perceba a estrela mais bonita sorrindo para ti.
Dizendo que vale a pena viver para, um dia,
simplesmente virar estrela.
E brilhar, brilhar, brilhar...

(De Dani para Andréa)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Terra (marajoara) encantada!

Teu despertar junto aos raios do sol
que ilumina tua gente e faz refletir a beleza das águas.
Tua apresentação é um rio com teu nome,
que alimenta seu povo, traz brincadeiras para suas crianças,
leva tua gente para outras terras, novos horizontes e,
também traz de volta para reencontros.

Um jeito peculiar, compreendido somente por pessoas de almas livres.
Tua alma e cor brasileira, tua crença, ciência caseira, teu ritmo.
A pressa para começar o dia e a vagareza para terminá-lo,
ainda marcados pelo sino alojado na torre da igreja que
ressoa as horas em suas badaladas, ditando os afazeres.

Terra encantada,
teu fim de tarde harmonioso,
em que colocar a cadeira e sentar em frente de casa
se torna um prazeroso passatempo.
Tuas festas religiosas e profanas quem fazem a tradição,
do Círio de Nossa Senhora da Conceição ao
Festival do Camarão.

Nome índigena cheio de prosas
Afuá, pronuncia exênctrica,
lugar de simplicidade e rusticidade, na busca pela modernidade.
De um povo ribeirinho, rodeado de riquezas,
de uma vida marajoara cheia de proezas,
histórias, lendas e belezas.

(Andréa Zílio)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Desabafo!!!

A folha está seca,
o frio se aproxima,
a névoa se fortalece,
eis aqui a solidão!

Neste penduricalho o teu barulho perde o som,
o silêncio começa a te representar com ousadia,
tua face se transforma, trazendo rugas que em outro
tempo não era possível ver.

O mar em fúria,
a fogueira em chama,
a ventania que absolve
a antiga calmaria.

Neste penduricalho deixaste de chacoalhar,
te expulsas do presente, apertando a mão,
sem querer dar adeus, mas o fazendo em cada gesto

O sol que brilha,
o céu que ilumina,
o mar que avizinha,
a vida que ressoa!

(Andréa Zílio)